quarta-feira, 14 de julho de 2010

Maurício na revista Quem

Em entrevista, ator fala sobre drogas e conta da época que deixou de atuar para ser cantor e compositor


De volta à TV na pele de um delegado homossexual em "Na Forma da Lei", Maurício Mattar irá contar detalhes de seus 32 anos de carreira em um livro autobiográfico. Em "De Peito Aberto", que será lançado em setembro, ele expõe sua versão do que é dito sobre ele desde o fim da década de 90, época em que namorava a apresentadora Angélica e era apontado como viciado em drogas. “Nunca fui viciado em nada. Fui um turista dentro daquilo que queria conhecer e pronto”, afirma o ator.

QUEM: Seu último papel em uma novela foi em O Profeta, em 2006. Foi uma opção evitar obras longas?

MAURÍCIO MATTAR: Se fizesse uma novela de cabo a rabo não teria tempo para organizar minha vida pessoal. Precisava de um tempo para resgatar algumas coisas, fechar algumas feridas.

QUEM: Que feridas?

MM: Assuntos pessoais, financeiros, judiciais, profissionais, familiares. Precisava desse tempo para mim. Fazendo uma novela de cabo a rabo você não tem vida, não consegue ir ao dentista, ao médico, fazer checkup. E em "Malhação" (que ele fez em 2009) quem rala mais é o grupo jovem. Foi legal resgatar um público que ficou afastado da minha imagem. Os garotos dizem: “Pô, pai, esse cara é maneiro, irado!”. E os pais: “Meu filho, antes de você sonhar em nascer eu já curtia ele”.

QUEM: O delegado Pontes, de Na Forma da Lei, é homossexual, corrupto e matador. Como demarcou a homossexualidade do personagem?

MM: O homossexual não precisa ter trejeitos. O Pontes não é uma bichinha afetada, um estereótipo. Fui em cima da maldade do comportamento dele. O lado sexual não interfere na profissão das pessoas. No seriado, tive a oportunidade de arriscar. Uma coisa é fazer o clichê, o vilão de uma novela, que só muda o peso de acordo com o que o horário permite. O seriado passa depois das 23h, você está livre para não seguir padrões.

QUEM: Arrepende-se de alguma decisão na carreira?

MM: Teve momentos em que fiz escolhas sem pensar, no calor da emoção, ansiedade, vaidade. Sempre fui muito intenso. Não faço nada pela metade. Faço mergulhado, de corpo e alma. Nunca quis ser uma marionete. Sempre quis pisar no prego enferrujado, no caco de vidro, cortar o pé. Depois quem vai tomar a antitetânica sou eu. Sempre pus a cara para bater. E só quem sofre sou eu, só quem perde sou eu.

QUEM: Que pregos furaram seu pé?

MM: Entre 1994 e 1998, abdiquei do meu lado ator e, por emoção, mergulhei na música, como compositor e cantor. Fiquei excluindo o ator e vivi só a música, por opção própria. Não quis fazer TV. Não queria ficar contratado na Globo porque achava falta de respeito até comigo mesmo. Vou ser contratado para recusar papéis? Lamento ter tido essa atitude tão radical. Eu mesmo não entendi meu ato. O público ficou muito sentido com isso. Depois, quando precisei, não encontrei o apoio de profissionais ligados à música, principalmente às gravadoras multinacionais, para que topassem comigo voos musicais maiores – enquanto, como ator, eu teria um leque maior de profissionais dispostos. Agora, estou gravando um CD e um DVD de músicas românticas, com uma roupagem mais country. Atualmente, a música funciona em mim como hobby e atuar é o meu ofício.

QUEM: Incomoda ver na internet matérias sobre seu suposto vício em drogas no fim dos anos 90, na época em que namorou Angélica?

MM: O que é isso tudo aí? Nada. De que ano que é isso? Em que ano estamos? Que diferença isso faz no presente? Se fosse assim, o que o Paulo Coelho está fazendo na Academia Brasileira de Letras? Ele foi um dos maiores loucos deste país. Foram vasculhar seu passado? Podem até ter ido, mas isso o deteve? Por isso, também resolvi lançar o livro. A internet tem aquilo que criaram. Quem criou, não sabe nada. Deixe falar. Não muda nada.

QUEM: Mas até que ponto foi seu envolvimento com drogas?

MM: Tive conhecimento das drogas como muita gente tem, como você teve, não vamos contar história da carochinha. Se eu fosse um drogado, não estaria com a pele boa, com os dentes inteiros, com o cabelo crescendo, fisicamente bem, lúcido, dinâmico. Estaria cheio de defeitos e cacoetes. Nunca fui viciado em nada. Fui um turista dentro daquilo que queria conhecer e pronto. Fiz meu turismo e voltei para meu país. Nunca permiti que algo comandasse minha mente a ponto de me escravizar, nem em relacionamentos. Não fui escravo nem mesmo de relacionamentos de minha própria família. Saí de casa aos 14 anos para buscar minha profissão. Como deixaria que qualquer coisa me aprisionasse como se eu fosse um dependente, um viciado? Isso foi o que quiseram vender de mim.

QUEM: Como o contato com o budismo mudou seu temperamento?

MM: O budismo me deu maturidade para detectar o que é bom para mim. Quanto mais você se conhece, menos se permite ficar vulnerável. Eu era carnívoro, ia a uma churrascaria e matava feliz uma picanha sangrando malpassada. A partir de julho de 2000, parei de comer carne vermelha. Percebi que carne me deixava mais agressivo, ansioso, agitado. Quando fiz isso me senti mais pacífico e tolerante.

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